O aspecto que hoje se observa na arquitetura do conjunto
capela-cruzeiro pouco guarda do seu original. A começar pelo cruzeiro, o atual
é o segundo construído, o primeiro, bem mais elegante, tinha características da
arte barroca mais próxima do que se nota na fachada da capela, possuía uma base
hexatavada com uma cruz em madeira, afirmada pelos antepassados como abençoada
por Frei Vidal da Penha, religioso muito conhecido pela história oral por
viajar extensas áreas no decorrer do século XVIII, pregando acontecimentos
catastróficos e cura de males por meio da obediência a religião católica
apostólica romana.
A
compreensão de como era a capela primitiva foi possível com base em fotografias
antigas, descrição oral, observação de traços de estilos arquitetônico
anteriores e posteriores ao período de construção. Em sua forma original não
possuía a torre central, laterais, ogivas, janelas em abóboda. Seu aspecto era
simples e compunha-se somente de nave central e capela-mor, ambas construídas
com uso de pedras e tijolos unidos com cal. Percebeu-se que seus fíeis não
dispunham de muitos recursos financeiros ou então foi levantada rapidamente
pois não possuía muitos detalhes de acabamentos grandiosos e embelezamento nas
formas.
O que se
sabe é que foi erguida de forma planejada para que fosse alargada com naves
laterais, pois abaixo do forro das paredes foi possível observar um conjunto de
arcos demarcados para que fosse feita a comunicação entre as naves laterais e
central, o que é notado em outras capelas da região como na Barra do Sitiá e
Russas. E provalmente fossem levantadas as suas torres, uma em cada lado como
deveria ser, de acordo com o padrão. Sua conexão entre a nave central e
capela-mor era feita por meio do arco da capela, uma espécie de portal que se
estende por toda a nave central, possuíndo em sua base as grades de madeira que
separavam o local do culto sagrado e os fiéis. A capela-mor era rebaixada e
forrada com madeiras, da mesma maneira que as outras da região.
Situado logo
após a entrada da capela, acima de quem atravessasse a porta principal, estava
o côro, local destinado aos músicos que auxiliavam o padre no decorrer da
missa. Construído todo em madeira de lei com varanda trabalhada foi vista até a
década de 50, quando então foi demolida e suas partes levadas para um local
incerto até hoje. Logo abaixo no canto esquerdo da parede da fachada,
situava-se a pia batismal em pedra, sendo possível atestar sua existência por
um pedaço ainda visto do que sobrou de sua base.
Imagina-se
que seu interior fosse rudimentar, não possuíndo piso de madeira, nem de
tijolo, muito menos assentos, todos assistiam o culto inteiro em pé,
intercalando com momentos de joelhos ao chão. Era uma prática ainda bem comum
até o final do século XIX o enterro dentro das igrejas, fator que de certa
maneira atrapalharia essa ocasião. Outra prática notada nas capelas era os
fiéis mais abastados terem suas cadeiras de uso particular dentro das igrejas
para o momento do culto, quando isto foi permitido.
Com relação
ao altar, estudos ainda estão sendo realizados para tentar remontá-lo como
originamente, pois o mesmo foi demolido no período que considerarei “negro” na
história do patrimônio religioso de Morada Nova, isto é, durante o sacerdócio
do Padre Sebastião Marleno Alexandre. Sabe-se que tinha grande beleza e era
inteiramente de alvenaria.
Suas
laterais foram construídas entre o final do século XIX e início do século XX
por iniciativa e recursos próprios de João Pedro Rodrigues de Lima (meu
terceiro avô por linhagem paterna). Tendo sido doado por ele um sino, que não
sabemos se é o famoso sino das badaladas altas ou outro qualquer e um patrimônio
em ouro na forma de cordões, que segundo consta na tradição oral, foi levada
sem permissão por padres de épocas passadas.
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