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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O projeto arquitetônico da Capela



O aspecto que hoje se observa na arquitetura do conjunto capela-cruzeiro pouco guarda do seu original. A começar pelo cruzeiro, o atual é o segundo construído, o primeiro, bem mais elegante, tinha características da arte barroca mais próxima do que se nota na fachada da capela, possuía uma base hexatavada com uma cruz em madeira, afirmada pelos antepassados como abençoada por Frei Vidal da Penha, religioso muito conhecido pela história oral por viajar extensas áreas no decorrer do século XVIII, pregando acontecimentos catastróficos e cura de males por meio da obediência a religião católica apostólica romana.

            A compreensão de como era a capela primitiva foi possível com base em fotografias antigas, descrição oral, observação de traços de estilos arquitetônico anteriores e posteriores ao período de construção. Em sua forma original não possuía a torre central, laterais, ogivas, janelas em abóboda. Seu aspecto era simples e compunha-se somente de nave central e capela-mor, ambas construídas com uso de pedras e tijolos unidos com cal. Percebeu-se que seus fíeis não dispunham de muitos recursos financeiros ou então foi levantada rapidamente pois não possuía muitos detalhes de acabamentos grandiosos e embelezamento nas formas.

            O que se sabe é que foi erguida de forma planejada para que fosse alargada com naves laterais, pois abaixo do forro das paredes foi possível observar um conjunto de arcos demarcados para que fosse feita a comunicação entre as naves laterais e central, o que é notado em outras capelas da região como na Barra do Sitiá e Russas. E provalmente fossem levantadas as suas torres, uma em cada lado como deveria ser, de acordo com o padrão. Sua conexão entre a nave central e capela-mor era feita por meio do arco da capela, uma espécie de portal que se estende por toda a nave central, possuíndo em sua base as grades de madeira que separavam o local do culto sagrado e os fiéis. A capela-mor era rebaixada e forrada com madeiras, da mesma maneira que as outras da região.

            Situado logo após a entrada da capela, acima de quem atravessasse a porta principal, estava o côro, local destinado aos músicos que auxiliavam o padre no decorrer da missa. Construído todo em madeira de lei com varanda trabalhada foi vista até a década de 50, quando então foi demolida e suas partes levadas para um local incerto até hoje. Logo abaixo no canto esquerdo da parede da fachada, situava-se a pia batismal em pedra, sendo possível atestar sua existência por um pedaço ainda visto do que sobrou de sua base.

            Imagina-se que seu interior fosse rudimentar, não possuíndo piso de madeira, nem de tijolo, muito menos assentos, todos assistiam o culto inteiro em pé, intercalando com momentos de joelhos ao chão. Era uma prática ainda bem comum até o final do século XIX o enterro dentro das igrejas, fator que de certa maneira atrapalharia essa ocasião. Outra prática notada nas capelas era os fiéis mais abastados terem suas cadeiras de uso particular dentro das igrejas para o momento do culto, quando isto foi permitido.

            Com relação ao altar, estudos ainda estão sendo realizados para tentar remontá-lo como originamente, pois o mesmo foi demolido no período que considerarei “negro” na história do patrimônio religioso de Morada Nova, isto é, durante o sacerdócio do Padre Sebastião Marleno Alexandre. Sabe-se que tinha grande beleza e era inteiramente de alvenaria.

            Suas laterais foram construídas entre o final do século XIX e início do século XX por iniciativa e recursos próprios de João Pedro Rodrigues de Lima (meu terceiro avô por linhagem paterna). Tendo sido doado por ele um sino, que não sabemos se é o famoso sino das badaladas altas ou outro qualquer e um patrimônio em ouro na forma de cordões, que segundo consta na tradição oral, foi levada sem permissão por padres de épocas passadas.

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